Minha Sophia vai concorrer a Universidade neste ano. Penso que não fomos muito exigentes com ela, que já se exige demais!
Talvez, sejamos assim porque temos um filho cujo desempenho é abaixo do esperado para sua faixa etária e, como sabem, ele tem atraso global do desenvolvimento, baixa visão e atraso na liguagem.
Sou professora e poderia passar horas forçando ele a decorar letras, números, nomes, cores, exaustivamente, esgotando toda sua energia nesta tarefa difícil que é aprender a ler e escrever, quando agora, aos 9 anos, ele está, enfim, adquirindo uma linguagem mais compreensível.
Quem conhece um pouco de educação e de neuroeducação sabe que existem etapas no desenvolvimento humano e estruturas neurológicas necessárias para aquisição de determinadas competencias e aprendizagens. Acredito na plasticidade cerebral e na aprendizagem acompanhada pelo prazer, esta sim, tem muito poder.
Hoje fizemos bolo juntos e não imaginam a quantidade de aprendizagens que podem ser adquiridas neste momento.
Por este motivo, não desisto dele, mas prefiro não ser exigente demais.
Graças às novas tecnologias hoje é possível ouvir livros, falar e ver um texto digitado sem ter escrito uma única palavra.
Todo ano ouvimos que ele está muito aquém do nível de escolarização ao qual frequenta. Mas consegue realizar aprendizagens, sempre numa relação de um para um, ao seu ritmo, através de atividades lúdicas, ele precisa ser estimulado repetidas vezes e de diversos maneiras.
Gosto de olhar o que ele já é capaz de fazer e não enfatizar o que ele ainda não faz.
Prefiro compreender que ele é único, e não vale a pena compará-lo com nenhuma outra criança.
Orgulho-me de ver que ele é uma criança feliz, que ele gosta de interagir com as outras pessoas, que ele aceita as mudanças mesmo que elas sejam difíceis no início.
No ano letivo de 2019/2020 ele não frequentou a escola devido a pandemia, foi um ano bem complicado! No ano 2020/2021, a médica liberou sua frequencia na escola e para nosso espanto, adaptou-se bem a máscara, a higienização das mãos e cumpre as orientações que lhes são dadas, nos lembra sempre de como proteger-se da "pandemia", que ele diz de uma maneira engraçado com sua voz grossa.
Mudou de escola, um mês após voltar às aulas, pois, decidimos viver no interior onde ele tem sido acolhido com muito amor, empenho e profissionalismo pela comunidade escolar, que organiza-se para garantir todas as condições necessárias para sua permanência produtiva na escola.
Sem falar nos colegas que mandar desenhos para ele e, estão sempre a chamá-lo para brincar juntos.
Resolvi escrever este post para colocar meu ponto de vista, sobretudo para os que pais de crianças com atraso global do desenvolvimento, para que percebem o quão importante é reformularmos nossos padrões de felicidade e nossas expectativas quanto aos nossos filhos. Eu pensavam diferente, apenas após compreender melhor o funcionamento do cérebro mudei minha percepção.
Meu intuito é que compreendam a importância de canalizar as energias e aprendizagens da criança para tudo aquilo que lhe faça sentido e seja bom para ela.
Cada patologia é uma, cada individuo é um, e o importante é conhecer o filho que temos para ajudá-lo a ser tudo o que ele pode ser.
Eu penso no futuro do meu filho, como será o seu amanhã, mas vivo o hoje, grata pelo menino que ele é, e por todo amor que lhe podemos oferecer.