Hoje vou compartilhar uma experiência nova enquanto mãe.
Como sabem minha primogénita completou recentemente dezoito aninhos e, sempre disse que gostaria de viajar pelo mundo, conhecer pessoas, lugares, culturas e eu esperava que isto levasse mais algum tempo para acontecer. Eu sempre lhe disse que para isso ela teria que ter independência financeira e maturidade.
O cérebro humano leva cerca de 24 anos anos para atingir seu pleno desenvolvimento, sendo um dos últimos órgãos a maturar.
Funcões como planeamento, pensamentos completo, tomada de decisão são realizadas no cortex frontal. Por este motivo, dizemos que o adolescente está na fase de "criar juizo".
É importante nesta fase, através das situações cotidianas, criar condições que propiciem o desenvolvimento destas habilidades.
Há pouco mais de um mês, como infelizmente não ia ao Brasil visitar o pai, em função da evolução da Pandemia lá, a Sophia disse-me que gostaria de participar de um programa de voluntariado na UE. Sugeri que ela fizesse algumas pesquisas e identificasse oportunidades que correspondessem ao seu perfil. Incentivei que ela se candidatasse em vários. E para nossa surpresa foi selecionada em 80% dos programas aos quais se candidatou.
Depois, propus que ela verificasse os custos, os pontos positivos e negativos de cada opção para que fizesse uma escolha consciente e mais próxima possível de suas expectativas e realidade.
Neste meio tempo ela já estava de férias escolares, conseguimos com uma amiga a oportunidade para ela trabalhar alguns dias na colheita de mirtilos. Assim, juntou mais algum dinheiro para a realização da viagem, além das economias que ela fazia.
Conforme ia planeando e mapeando tudo, compartilhava comigo as informações e algumas vezes pedia opinião para mim e para o Marcos.
Sinto-me tão grata por acompanhar sua evolução, neste complexo processo de independência e a realização de sonhos! É muito bom saber que ela confia e sente segurança para falar conosco, que está aberta a aprender e compreende a importância de não receber tudo pronto!
Ela mesma comprou as passagens, organizou o roteiro da viagem, fez checklist de tudo que precisava levar inclusive o dimensionamento da bagagem. Ontem já dormiu na casa da minha mãe, ela mesma combinou com o pai de outra amiga que trabalha com transporte de passageiro para levá-la ao aeroporto, fez seu próprio chek-in, o teste do covid, tirou o certificado digital e dorme hoje em França, depois de passar a tarde toda trabalhando como voluntaria em um acampamento organizado por Cristãos daquele país.
Percebemos como valeu a pena ter ouvido o que ela queria e a incentivado na concretizar deste sonho, com a oportunidade de exercitar o Francês e o Inglês. Na sequência ela vai para a Croácia! E depois volta pra casa para iniciar a faculdade.
Falamos a pouco ao telefone, deu para sentir a felicidade, o vigor da sua voz tão encantada com as experiências vividas até então.
Me surpreendi comigo mesma por estar tão em paz! Por poder confiar tanto nela e em Deus!
Alguns dias atrás ela ainda tinha dúvidas se realmente deveria ir, sobretudo porque sentia-se responsável por nós aqui em casa. Ela perguntou:
- Mas e você mãe? Como vai fazer aqui sozinha com o Victor é o André? O Marcos trabalha longe de casa. O Victor vai entrar de férias"...
Eu lhe disse com todo amor e sinceridade que havia em meu coração:
- Filha, sou grata por toda sua ajuda. Mas você tem que viver sua vida. Não pode viver preocupada conosco. Eu dou conta de tudo, farei meu melhor pelos dois e tudo ficará bem! Vamos nos divertir bastante também. Vá para sua viagem tranquila!
Sei que nem tudo será flores, mas o que mais importa é que minha filha aprenda a apreciar cada momento de sua vida, todo o trajeto e tudo o que o caminho lhe reservar. Que ela aprenda a ler as pessoas e aprenda a ser plena e feliz consigo própria onde quer que esteja. Sempre sob a bênção e proteção Divina.
Não me deixo levar pelo medo de que algo ruim lhe aconteça. Eu a oriento a estar atenta, acalmo meu coração, oro, envio boas energias para sua jornada. Aprecio a pessoa maravilhosa que ela é e sei que ela sabe seu valor e, vai saber se cuidar dentro do que estiver em seu alcance.
Os filhos precisam alçar seus próprios vôos, precisam aprender a dureza e a beleza da vida, precisam viver o mundo sendo luz no mundo. Nós pais precisamos ouvir, orientar ajudar, estar por perto com nossa pequena experiência de vida. Nem sempre compreendemos ou somos compreendidos, principalmente quando a adolescência chega. Mas temos que nos permitir amar nossos filhos incondicionalmente.
Indico a leitura do livro: As cinco linguagens do amor dos adolescentes de Gary Capman.