Quando saímos do Brasil, não nos despedimos de quase ninguém. Até termos a certeza que realmente iríamos viver em Portugal.
E eu sempre nutri a esperança de que estaria tudo como deixei.
Ledo engano! Não encontrei quase ninguém conhecido. A cidade do meu coração se transformou em uma cidade populosa, cheia de comércio, trazendo desenvolvimento e prosperidade. Mas, com isso perdeu a sua identidade, as características da cidade do interior, pacata, onde todos se conheciam.
Vou ser sincera, isso me deixou triste, porque eu não acompanhei essa mudança e foi um choque para mim.
Já não me senti em casa lá. Meu cantinho já é em Portugal. Onde vivemos numa tranquilidade que eu adoro, que me traz alegria e lembra a minha infância.
Foi maravilhoso estar no estado de São Paulo por 14 dias, passamos por várias cidades. Mas, confesso quando o Victor teve febre por 24h eu pedi muito a Deus que ele não viesse a necessitar de atendimento hospitalar. O André precisou ser visto porque a sua febre durou 3 dias. Levei-o ao hospital particular que eu já conhecia, onde o Víctor havia sido diagnosticado anos trás, estava um caos. Crianças e adultos aguardando horas para serem atendidos, uma gripe nova adoecendo toda gente no país, sem contar o covid (que lá parecia ser uma falácia). Graças a Deus uma médica muito boa avaliou o André, comentei sobre o Víctor, ela quis saber o nome da doença. Mas, desconhecia do que se tratava (isso estava igual quando eu saí de lá)
Enfim, as crianças ficaram bem e eu feliz por voltar para minha casa do outro lado do oceano, onde meu filho encontra os recursos de que necessita para enfrentar a doença de base e, as doenças e questões que rondam a infância.
Penso que se sentir seguro e acolhido é o mais importante para mim e para minha família, principalmente para o Victor.
Claro que sentimos falta dos parentes e amigos. Nos valemos das vídeochamadas e vamos tocando a vida, gratos por tudo e todos que temos!!!🙏❤️
Foi pena não ter ido ver meus avós, em 14 dias era impossível ir até o interior do Ceará e eu nem poderia estar com eles, pois estavam evitando contactos para estarem protegidos (com toda razão). Minha prima que cuida deles é muito criteriosa e amorosa, graças a seus cuidados o meu avô com 102 anos e minha avó com 98 estão atravessando a pandemia.
Foi maravilhoso sentir cheiros, gostos, texturas que nos traziam tantas recordações e viver a época de festas de fim de ano ao lado de pessoas que amamos tanto! Isso tudo é o que mais valeu em nossa viagem.