Aguardando pela vacinação covid-19, olho a minha volta, e fico impressionada com a quantidade de rostos mascarados.
Concentro-me em mim, no aqui e agora. Mas é impossível ficar indiferente aos diversos olhares: alguns ansiosos e apreensivos, outros tranquilos e despreocupados.
Noto que ao serem chamados para dentro das salas de vacinação, levantam-se e caminham em fila, dez pessoas de cada vez. Cada qual caminha, a seu modo: alguns demonstram cansaço, outros boa disposição, uns pressa, outros pressa alguma, alguns medo, e outros totalmente indiferentes...
Imagino que cada uma daqueles pessoas tem uma vida lá fora, a espera para ser retomada, após esta pausa, carregada de esperança.
Parabenizo todos os envolvidos, empenhados em tornar possível a vacinação. Tudo muito organizado e fluindo bem!
Neste momento, reparei que lá se vai 1 ano e meio desde que isto tudo teve início, alterando a rotina de todos, expondo a fragilidade da vida e a falsa sensação de superioridade de alguns de nós, meros seres humanos.
Sinto-me grata por estar aqui e, esperançosa que meus filhos logo possam também ser vacinados. Amanhã será a vez do Marcos, daqui uns dia já podemos marcar a vez da Sophia que quer tanto proteger o irmão, motivo que a leva a privar-se do convívio social com os amigos para evitar ao máximo se explor.
Ainda não sabemos quando será a vez do Victor, de 9 anos, apesar da doença rara. Mas conheço um paciente adulto com a mesma doença de base dele, CBLC, que já tomou as duas doses da Pfizer e está bem. Isso já nos tranquiliza!
Olhando um pouquinho para trás, lembro que quando vi as primeira notícias sobre covid-19 na TV e na net, imaginava ser algo passageiro de fácil controle. Mas, assim como eu, as autoridades mundiais em saúde, nomeadamente da ONU , também enganaram-se. Nem por isso devemos deixar de ouvir o que eles tem a dizer.
A verdade é que não fomos capazes de deter o avanço da nova doença, nem o número expoentente de mortos que passaram a integrar as assustadoras estatísticas. Estatísticas estas que magoam profundamente sobretudo aquelas pessoas que perderam entes queridos.
Há ainda muito ceticismos e teorias da conspiração. Há muitos jovem desesperados querendo viver o hoje como se o amanhã e as pessoas à sua volta não importassem. Há muita gente com medo, sem sair de casa para nada. Há de tudo!
Eu aprendi a viver meus dias fazendo minha parte, ouvidos os conselhos das autoridades sanitárias, protegendo a mim, a minha família e os meus amigos, motivo pelo qual vim para a vacinação.
Sou grata por haver consenso em fornecer a vacina gratuitamente a todas as pessoas, independente da classe social. Isso é mais do que justo e necessário neste momento!
Acredito que a vacinação é apenas uma prevenção, já que há o surgimento de novas variantes e alguns casos pontuais de pessoas vacinadas serem infectadas, numa apresentação mais branda da doença!
Ao meu ver a vacinação é importante, mas o uso da máscara em locais fechados, como hospitais, centros comerciais e eventos com grandes aglomerações, além da desinfeção das mãos, higienização de tudo o que vem da rua, continuam a ser práticas fundamentais para que possamos erradicar a doença.
Temos consciência de que mesmo fazendo tudo o que está ao nosso alcance, algumas vezes o vírus aproveita qualquer oportunidade para instalar-se. Por isso aqui em casa, nós pretendemos continuar a não facilitar a vida deste vírus.