Desde de muito cedo trabalhei fora e tive a oportunidade de ter meu próprio dinheiro.
Quando o Victor nasceu e passamos por tempos difíceis, no qual tive que aprender a lidar com toda a rotina da doença e de seu tratamento, o trabalho ficou para segundo plano.
Antes de vir para Portugal eu até consegui voltar ao trabalho, mas com a vinda para cá deixei definitivamente o trabalho para me dedicar a ocupação de ser mãe em tempo integral, afinal fiquei sem uma rede de apoio que pudesse dar suporte ao Victor, enquanto eu estivesse fora trabalhando.
Apoio imprescindível já que ele precisa ter alguém para o apoiar sempre que não tem aulas ou fica doente, para organizar sua agenda médica e o acompanhar aos exames e consultas, controlar o estoque de medicação, dar as medicações, levar às terapias, organizar a casa, cozinhar, limpar, e assumir todas as responsabilidades de gerir a casa. Esse tem sido meu trabalho, e não é nada fácil posso vos dizer.
O que mais me deixa chateada é quando vou responder um inquerito e a pessoa simplesmente escreve que eu não trabalho. Como assim?
Eu trabalho da hora que acordo até a hora que me deito. Eu não sou remunerada!
Assim como todas as pessoas que estão em casa trabalhando, enquanto o outro elemento da família trabalha fora de casa e recebe seu ordenado para sustentar financeiramente o lar.
Eu sinto falta do trabalho fora de casa, de ver pessoas e me relacionar com elas, para estabelecer amizade, sinto falta de receber meu pagamento e poder presenter as pessoas que amo, de ajudar meu marido financeiramente, ou fazer uma viagem.
Muitas vezes me sinto triste e desmotivada. Então, olho para meus filhos, olho em volta e agradeço pelo que tenho, e consigo seguir grata pela oportunidade de ter uma família para dela cuidar. No final o pagamento que tenho são os beijinhos e o Eu te amo que ouço sempre deles.
Quando bate aquela saudade da minha independencia financeira me apego aos momentos de carinho que recebo, me empenho em ensinar meus filhos a serem autonomos e viverem uma vida feliz! Sobretudo o Victor que tem tantas limitações ainda.