Amor é denunciar os problemas e apontar soluções




Como sabem desde que eu soube que o Victor teria atraso global do desenvolvimento faço de tudo para que ele consiga estar integrado na sociedade. Todo ser humanos tem sonhos e quer o mesmo: ser feliz, ser amado, aceito e se sentir acolhido.
Avaliando estes dez anos de luta pela inclusão fico a me perguntar se algum dia as pessoas com necessidades especiais, serão vistas e respeitadas verdadeiramente.
Já pararam para pensar o que significar ser uma pessoa com necessidades especiais?
A sociedade está habituada a repetir palavras bonitas que soam bem aos ouvidos quando na verdade continua egoísta e não reflete sobre o que fala sem pensar e agem sem compaixão.
Fomos ao Festival do Panda, dia 25 de junho. Esperei todos estes dias para refletir sobre tudo o que se passou ali, e escrever sobre o que aconteceu com menos tristeza e raiva. Afinal, sou humana e possuo sentimentos.
Todo pai e mãe deve aceitar estas emoções quando constatam que seus filhos não estão a ser respeitados e tratados como deveriam e aprender a controlá-los para os ajudar e não causar mais estragos.
Percebo que há em Portugal a máxima de não tratar com diferença as pessoas independente de sua condição física, mental, financeiras, blá, blá, blá... 
Com isto justificam os atos que para mim são desumanos com o discurso da igualdade de direitos e de uma sociedade que trata todos sem distinção. 
Na entrada fomos informados que ele teria que esperar na fila quilométrica. Eu chamei o responsável pela segurança e expliquei a situação, ele então facilitou sua entrada.
Vejam o lugar em que ele, que tem baixa visão "assistiu" ao espetáculo, não havia lugar para pessoas com diversidade. Os espaços próximo ao palco já estavam tomados por quem correu antes para colocar uma toalha no chão.

Durante o evento havia fila para tudo, e quem quisesse brincar teria que pegar a fila, se não pudesse esperar:- Olha, paciência, não posso fazer nada. Fale com os outros pais e crianças que estão a esperar na fila!
Tem noção do que isto significa? Tem noção do que estão incitando nas pessoas? Penso que não.
Uma criança que não tem controlo emocional e não tolera a espera ter que ficar numa fila entre 20 a 40 minutos para brincar num brinquedo? 
Ai há quem diga: - Não o leve a estes eventos.
O que? Ele não vai poder ser criança? Sinto muito o mundo que se adapte a ele. Quando a sociedade vai  compreender isso? 
Eu continuo levando meu filho a estes eventos, passo por constrangimentos. Sofro ao lado dele. Exijo quando há amparo legal que os direitos dele sejam respeitados. Mas, as leis que os ampara são poucas e quando se trata de eventos culturais raramente são cumpridas. 
Em Londres a pessoa com necessidades especial é tratada com dignidade. São incentivadas a frequentar os eventos culturais, elas tem direito de estar acompanhadas sem encargos adicionais, tem lugar garantido, há a preocupação para que ela possa ser bem recebida e aproveite ao máximo o evento.
Outro modelo de sucesso e respeito acontece na Disney há uma identificação específica para estas pessoas, que tem acesso livre e rápido à todas as atrações. Ninguém questiona, todos compreendem, porque há a cultura do acolhimento, do respeito e do acesso.
Somos todos diferente e especiais! Esta frase proferida por muitos, não representa a verdade. Somos todos diferentes, sim. Mas, nem todos são especiais. A maioria é egoísta e não consegue amar o outro como a si mesmo. Se amasse o outro como a si mesmo, seria uma pessoa especial, pois seria tão compreensiva para com o outro, como é consigo mesmo. Iria querer para o outro o que quer para si mesma e veria que há pessoas que precisam de recursos extras, de medidas especiais para fazer coisas simples e viver neste mundo repleto de diversidade.
                                                         
Eu, a Mary e a Silvia fizemos de tudo para que o Victor brincasse e curtisse ao máximo. Pessoas como é estas duas que mencionei agora, fazem a diferença, são especiais.

Por isso, ignoramos as pessoas que o trataram com indiferença, também as que se afastavam dele. Elas tem medo de quê? Deversidade (deficiência) intelectual/emocional não é contagiosa.





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1 comentários

  1. Parabéns por tudo o que você faz pelo seu filho, te admiro por cada passo que você dá, por cada conquista!

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Ficarei feliz em saber o que você pensa sobre os assuntos que abordo.
Convido-lhe a utilizar este espaço para que eu possa conhecer também suas ideias e experiências.

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